Oficina de Darktable em Porto Alegre

A oficina foi pensada-organizada-produzida por pessoas interessadas em aprender e pessoas interessadas em compartilhar seu conhecimento de edição de fotografias em software livre.

Darktable é um software livre de fluxo de trabalho (“workflow”) e tratamento de fotografia. Diferente de editores de bitmap tais como Adobe Photoshop ou GIMP, e é primariamente focado em melhorar o fluxo de trabalho dos fotógrafos por facilitar o tratamento de um número grande de imagens.

O Darktable está disponível para MacOs e para Linux. Caso você (ainda) use windows, pode tentar criar uma versão live para rodar linux e poder usar o Darktable. Aqui vão algumas orientações sobre como criar tais discos.

A oficina foi viabilizada em um sistema de corresponsabilidade financeira. Isso significa: trabalhamos com dinheiro de uma forma que procura se alinhar com os princípios do encontro e que fortalece nosso senso de comunidade. Desejamos que você participe dele como corresponsável por sua realização nos seus diversos níveis. Assim, a participação é aberta a todxs, convidadxs a fazer uma contribuição consciente, na intenção de cuidar bem do espaço, dos custos e das pessoas que promovem o evento, levando em conta suas possibilidades de momento. Dinheiro significa coisas diferentes para pessoas diferentes em momentos diferentes.


O Raw pode ser pensado como um tipo de “negativo” da fotografia digital. É um arquivo com um amontoado de dados que após o processamento podem exportar uma imagem. As extensões variam para cada marca e para alguns modelos. Exemplo: .CR2 para Canon e .NEF para Nikon.

O arquivo RAW nunca é alterado, ele pode, no máximo receber metadados, mas os dados da captura não se alteram. Para gerar uma imagem será feito um processamento a partir do RAW, mas o arquivo gerado será novo.

O EXIF é a lista de metadados daquele arquivo RAW. Carrega informações como marca e modelo da câmera, abertura de diafragma, ISO, velocidade e distância focal. Essas informações podem ser transportadas de uma máquina a outra quando se envia junto do RAW o arquivo .XMP, que abriga tais informações.

O Darktable também lê arquivos JPEG, embora o processamento sempre seja mais rico em possibilidades a partir de um arquivo RAW.

Começamos a oficina apresentando as duas principais telas do software: A Sala Escura/Darkroom e a Mesa de Luz/Light Table. Na primeira são feitas as tarefas de organização e classificação do fluxo de trabalho, já na segunda acontecem as edições para posterior exportação das imagens.

As duas principais formas de classificar os arquivos são usando estrelas e cores. 1 a 5 estrelas e 5 opções de cores. Cada arquivo pode conter apenas uma classificação de estrelas mas pode ter até 5 cores. As estrelas geralmente são usadas para classificar qualidade e as cores para critérios pré-tags. Exemplo: 5 estrelas é a melhor imagem de uma sequência, vermelha pode ser exportada para enviar aos amigos, verde pode ser exportada para a família e amarela para publicação social.

Também é possível organizar a visualização por data, por cor, por estrela e por grupo. Os campos para aplicar os critérios ficam na parte superior do módulo central da Mesa de Luz.

As preferências de cada usuári@ podem ser personalizadas no botão ‘Preferências’, também na parte superior da Mesa de Luz (botão em forma de roda dentada).

O Darktable permite que sejam aplicados alguns metadados no momento de importar as imagens para a Mesa de Luz. Basta preencher os campos na parte inferior da janela de importação.

O Darktable define que a cada ação de importar foi criada uma coleção. Coleções podem ser salvas, clicando em ‘Predefinições’ e depois em ‘Armazenar nova predefinição’. A grosso modo seria o equivalente à organização de catálogo usada no software de processamento em lote proprietário mais conhecido [ou aquele-que-não-deve-ser-citado :p]

Na Sala Escura existem opções de visualização que podem ajudar a tornar a experiência de trabalho mais amigável para cada usuárix. É possível ocultar e expandir os módulos laterais e superiores/inferiores clicando no botão em forma de triângulo em cada um deles. Também é possível exibir as áreas de sub e superexposição clicando no botão específico para isso no módulo central, na lateral direita inferior.

O módulo lateral direito da Sala Escura é dedicado às edições da imagem em si. As ferramentas de edição estão organizadas por grupos (tom, cor, correções, básico…). Pra facilitar a vida é possível criar um grupo de favoritos, mesclando à vontade as ferramentas dos outros grupos. Basta clicar em ‘Outros módulos’ e marcar com um clique (aparecerá uma estrela) em cada módulo desejado.

Dentro de cada módulo as alterações que usam níveis/uma barra podem ser feitas clicando no ponto triangular e arrastando-o ao longo da barra ou parando o mouse em cima da barra e girando o scroll do mouse – em geral a segunda opção é mais fácil e dá mais precisão ao comando aplicado. As alterações são visualizadas imediatamente na imagem (aparecerá uma mensagem de ‘processando…’ no centro da tela.

Um jeito de criar “presets” de cada ferramenta é clicar em ‘Predefinições’ e depois em ‘Armazena nova predefinição’, ao lado do nome da ferramenta. Isso criará uma predefinição com os critérios atuais, que pode ser facilmente aplicada a um grupo maior de imagens. É algo bastante útil na hora de aplicar a mesma temperatura de cor ou tirar a saturação, por exemplo, a todas as imagens da coleção atual.

Algo importante de se falar: não existe Ctrl+Z no Darktable. Mas calma, é possível desfazer ações. Para isso é preciso ir em ‘História’, no painel lateral esquerdo da Sala Escura, e selecionar o ponto para o qual se deseja voltar, clicando nele. Ao selecionar tal ponto as alterações feitas dali em diante substituirão as anteriores gravadas na lista.

O histórico de alterações na imagem pode ser salvo para ser aplicado em outras imagens, durante o processamento ou na hora de exportar (assim a ação não constará em sua história). Um estilo pode agrupar várias predefinições (citadas anteriormente). Basta clicar em ‘Criar estilo do histórico atual’. Os estilos salvos ficam disponíveis no botão ‘Acesso rápido para criação dos estilos’, na parte inferior esquerda do painel central. Ao lado dele fica o atalho para aplicação de predefinições favoritadas.

O Darktable também permite a aplicação de uma marca d’água. Há uma ferramenta chamada ‘Marca d’água’, em ‘Outros módulos’. O arquivo com a imagem precisa ser em .svg (Inkscape) e deve estar salvo em uma pasta específica para aparecer na lista (o provável caminho da pasta é ~/.config/darktable/watermarks). O Darktable também aceita algumas variáveis que podem informar, após processada a imagem, metadados de cada arquivo, como velocidade e abertura, por exemplo. Para isso as variáveis devem estar escritas no arquivo .svg.

Para exportar as imagens processadas é preciso voltar à Mesa de Luz, selecionar os arquivos desejados (selecionar com um clique a primeira e Ctrl+Shift na última da sequência ou Ctrl+A para selecionar todas ou ainda manter Ctrl pressionado para seleção múltipla não sequencial) e ir para o painel lateral direito. Ali estarão opções de aplicar estilos ou apenas exportar com), agregar/editar metadados, selecionar a pasta-destino dos arquivos e várias outras. Para redimensionar as imagens é preciso informar o tamanho máximo em pixels da aresta longa em um dos campos e deixar o outro zerado para manter a proporção.

Lá no início citamos o arquivo .XMP. Na primeira vez que você importar uma imagem para dentro do Darktable ele automaticamente criará um arquivo .XMP associado ao arquivo original (ele terá o mesmo nome mas fica com a extensão .xmp). Como ele armazena o processamento que foi aplicado àquele arquivo (sua história, metadados agregados posteriormente…), é possível seguir (ou até mesmo fazer um “fork”) com a edição em outra máquina, levando o arquivo .xmp junto e o deixando na mesma pasta que o arquivo original para que o Darktable “puxe” o histórico de edições.

Ah, importante dizer: não é necessário salvar o progresso das edições, nem durante o processamento nem antes de fechar o software, o Darktable faz isso automaticamente 😉

Acreditamos que essas sejam as orientações iniciais para usar o software. Mas caso você queira um manual completo do Darktable, ele está disponível aqui.


Agradecemos a todxs que participaram da atividade e em especial ao Coletivo Germina, pela parceria e pela acolhida!

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