Primeiro dia de Facción: um relato de contextualização e primeiras pistas para reflexão

Um dos ideiais que norteia as ações do 3o Encontro Facción é usar das experiências vividas e compartilhados como uma forma de aprendizado em si, para retroalimentar a rede e fortalecer o trabalho midiativista na Latinoamerica. Um encontro que reúne, em sua maioria, comunicador@s (redator@s, repórteres, fotógraf@s, cinegrafistas, social medias), unid@s pela missão de dar luz a fatos recusados ou distorcidos pela mídia tradicional, além de criar e fazer circular conteúdos pautados nas lutas e causas contemporâneas.

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Com mais ou menos uma centena de midiativistas reunid@s no auditório do Centro Cultura de Espanha, o primeiro dia do encontro foi pensado para formar as equipes de trabalho que vão cobrir o evento em si e o atual contexto vivido no Uruguai. Seguido do credenciamento, cada participante apresentou-se brevemente. A primeira divisão foi por formato de narrativa de interesse, formando dois grandes grupos: Foto + vídeo e Redação + redes sociais. Uma equipe que já vem trabalhando há meses na comunicação da plataforma Facción, nas redes e na articulação do encontro, apresentou-se como referência para a formação e orientação dos grupos. Uma bela oportunidade para ver o portunhol desabrochando nas línguas da galera.

FaccionDia1Sheila_0005 FaccionDia1Sheila_0006 FaccionDia1Sheila_0007 FaccionDia1Sheila_0008Durante os 4 dias de Facción serão dois tipos de “fontes” que as equipes vão cobrir: o evento em si, fazendo o relato de sua programação, e o contexto atual do Uruguai quanto a seus acontecimentos políticos, culturais e de direitos humanos. Algumas pautas já se sobressaem: Marcha da Diversidade, 1 ano de Ayotzinapa e Luta para destinar 6% do PIB para a educação.

FaccionDia1Sheila_0009A vivência Facción é tratada com importância, tanto quanto os produtos que vier a gerar. Cada coletivo ou indivíduo tem liberdade de se organizar com a produção de seu material, mas o fluxo é combinado pelo grande grupo para agilizar o encaminhamento da publicação: metodologias de captura e edição, ferramentas e formas de armazenamento seguem como de costume para cada midiativista, mas há um gargalo por onde o conteúdo vai passar até desembocar na grande rede. A ideologia que guia os participantes é de assinar coletivamente suas produções, mas cada um tem a liberdade de escolher: “a autoria coletiva é uma escolha individual”.

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A base de concentração de tod@s participantes é a Casa Tomada. As fotografias vão ser produzidas e rapidamente pulverizadas em menor resolução para publicação em redes sociais.Ao final do dia será organizado um apanhado do conteúdo em um espaço agregador para isso.

As dinâmicas de vivências pessoais são outro ponto marcante do Facción. Acomodad@s em hostels próximos aos espaços do encontro, tod@s podem participar dos momentos de integração, o que inclui refeições conjuntas e rodas de conversa para troca de manifestações culturais. Por ser um evento colaborativo, autogestionado e horizontal, em algum momento todo mundo tem que passar pelas tarefas de apoio na cozinha ou na organização, além de prezar pela limpeza dos espaços em tempo integral.

Pela tarde aconteceram breves apresentações. A primeira sobre a trajetória de Facción e a seguinte foi a plenária de abertura, sobre o atual momento dos Estados (teritoriais, porque quanto à inexistência de fronteiras para mobilização por direitos tod@s são uníssonos) ali representados. 20 países expondo suas miradas sobre causas e lutas sociais como meios de comunicação independentes/alternativos e ativistas. Os questionamentos são comuns à maioria: desigualdade na distribuição de renda, exploração ambiental e extrativismo como se não houvesse amanhã, xenofobia, feminicídios, homofobia, corrupção governamental, trabalho escravo e tantas outras situações quase inacreditáveis.

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Em seguida aconteceu a roda de debate “#RealPolitik: Explode America Latina!”, com o aprofundamento de alguns pontos levantados anteriormente. Muitas manifestações em nome de um midiativismo assumidamente parcial, em prol de suas ideologias e muito mais aberto a ouvir as minorias para nortear sua atuação. Os discursos eram marcados pela polarização das organizações políticas (partidos, principalmente) e da sociedade em esquerda e direita. Polifonia também foi um verbete que caiu no gosto da galera para referir-se à rica diversidade encontrada na rede e fortalecida por imersões como essa.

Pausa para janta. Encerrando o dia, de volta à Casa Tomada, iniciou o “Momento Candombe: a regularização da cannabis no Uruguai, com a história por dentro”.

Fotos do post: FotoLivre (Sheila Uberti)
Fotos da galeria: Facción

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